Programação Completa da FLIP 2012 - 10 anos Luis Fernando Veríssimo
Dia 04/07 – Quarta-feira
19h - Abertura
Flip, ano 10
Luis Fernando Verissimo
Drummond 110, Antonio Cicero, Silviano Santiago
Uma sessão dupla abre a décima edição da Flip. Em comemoração aos dez anos do evento, Luis Fernando Verissimo começa a noite falando sobre o valor da literatura, razão de ser da festa. Silviano Santiago e Antonio Cicero fazem em seguida a conferência sobre o autor homenageado da Flip 2012, Carlos Drummond de Andrade, cujo nascimento completa 110 anos em outubro. Do panorama da relação de Drummond com o século XX à leitura detalhada de um de seus poemas, Santiago e Cicero descrevem os traços fundamentais da obra de um dos maiores escritores brasileiros.
Tenda dos Autores
21h - Show de abertura
Ciranda de Tarituba e Lenine.
Vencedor de cinco prêmios do Grammy Latino, o recifense Lenine é a atração principal do show de abertura da Flip 2012. O músico apresenta o show de sua turnê “Chão”, em que toca as músicas de seu novo trabalho e revisita grandes sucessos de sua carreira. Antes da apresentação de Lenine, as festas tradicionais de Paraty serão representadas na abertura da décima Flip pela Ciranda de Tarituba, fundada em 1975 e dedicada aos ritmos e danças da região.
Tenda do Telão
Dia 05/04 – Quinta-feira
10h - Mesa 1
Escritas da finitude
Altair Martins
André de Leones
Carlos de Brito e Mello
Mediação João Cezar de Castro Rocha
Três dos mais elogiados jovens escritores brasileiros se reúnem para conversar sobre uma questão comum a eles (e a todos nós). A morte que atravessa os livros de André de Leones, Altair Martins e Carlos de Brito e Mello não é, no entanto, apenas o fato impessoal e difuso à espreita de qualquer um. Pelo contrário, a consciência do fim é algo que se impõe a cada um, como destino individual e inevitável. Daí que escape a clichês fúnebres para se tornar inesperadamente uma força criativa – razão de questionamento existencial e motivo da própria escrita.
Tenda dos Autores
11h45 - Mesa Zé Kleber
A leitura no espaço público
Silvia Castrillón
Alexandre Pimentel
Mediação Écio Salles
Desde 2009, a Flip promove um evento especial para discutir a cidade e suas políticas públicas: a Mesa Zé Kleber. Batizada em homenagem ao poeta, músico e importante ativista paratiense, nesta décima Flip a mesa promove um diálogo entre as experiências das bibliotecas-parque na Colômbia, onde elas foram criadas, e no Brasil. Ao criarem um novo ambiente em áreas desprovidas de investimentos públicos, elas cumprem a função igualmente importante de melhorar a estrutura urbana dos locais onde são instaladas. Para discutir o trinômio políticas públicas, cultura e território, receberemos a bibliotecária e educadora colombiana Silvia Castrillón, cujo trabalho foi fundamental na implantação do sistema nacional de bibliotecas públicas em seu país. Ao seu lado, estará Alexandre Pimentel, diretor da Biblioteca Parque de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, projeto inaugural de bibliotecas nacionais que tem o modelo colombiano como referência.
Tenda dos Autores
15h - Mesa 2
Apenas literatura
Enrique Vila Matas
Alejandro Zambra
Mediação Paulo Roberto Pires
Se tentarmos pensar o que a literatura tem de mais próprio, descontadas as funções educativas ou sociológicas que por vezes lhe atribuem, o que sobra como justificativa do ato às vezes compulsivo de escrita ou leitura? É sobre esse estranho “resto” que conversam o chileno Alejandro Zambra e o catalão Enrique Vila-Matas. Nos livros desses dois escritores, a literatura se dobra sobre si mesma, mas, ao invés de isolar-se, afirma por meio desse movimento reflexivo uma forma peculiar de abertura e hibridismo.
Tenda dos Autores
17h15 - Mesa 3
Ficção e história
Javier Cercas
Juan Gabriel Vásquez
Mediação Ángel Gurría-Quintana
Ao se voltarem para episódios violentos do passado de seus países, os livros do espanhol Javier Cercas e do colombiano Juan Gabriel Vásquez lançam também uma interrogação crítica ao presente. A história não é aí algo encerrado, que o escritor se limita a registrar num balanço final, mas uma narrativa incompleta da qual a escrita toma parte justamente para mantê-la em aberto. A possibilidade renovada de se contar outra história invalida a uniformidade dos relatos habituais e impõe a tarefa de reavaliação do momento atual.
Tenda dos Autores
19h30 - Mesa 4
Autoritarismo, passado e presente
Luiz Eduardo Soares
Fernando Gabeira
Mediação Zuenir Ventura
Processos do Ministério Público contra agentes do Estado acusados de tortura e a criação de uma Comissão da Verdade para investigar crimes e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura fizeram com que a sociedade brasileira voltasse a discutir de maneira acirrada um passado que para muitos teria sido oficialmente superado com a promulgação da Lei da Anistia e a redemocratização. O autoritarismo em nosso país, no entanto, não começa em 1964 nem termina em 1985. Luiz Eduardo Soares e Fernando Gabeira discutem nossa tradição autoritária e o modo como ela se manifesta no presente.
Tenda dos Autores
Dia 06/07 – Sexta-feira
10h - Mesa 5
Drummond – o poeta moderno
Antonio C. Secchin
Alcides Villaça
Mediação Flávio Moura
Antes mesmo de sua estreia em livro com Alguma poesia (1930), Carlos Drummond de Andrade é reconhecido e se afirma como um poeta moderno em artigos e poemas publicados em jornais e revistas. Como demonstra, no entanto, sua correspondência com Mário de Andrade, essa modernidade não implica uma adesão irrestrita ao ideário modernista. O que significa, então, ser moderno para Drummond? Alcides Villaça e Antonio Carlos Secchin discutem essa questão abordando tanto os livros mais famosos do poeta quanto escritos praticamente desconhecidos de seus anos de formação.
Tenda dos Autores
12h - Mesa 6
O mundo de Shakespeare
Stephen Greenblatt
James Shapiro
Mediação Cassiano Elek Machado
Dois dos maiores estudiosos da obra de William Shakespeare mostram como a obra do escritor inglês ultrapassa o falso dilema entre particularidade histórica e universalidade literária. Nesta conversa sobre as criações de Shakespeare e os mitos que continuam a cercar sua figura, Stephen Greenblatt e James Shapiro discutem como as peças e poesias do autor se vinculam profundamente com as circunstâncias em que foram escritas, ao mesmo tempo que, ainda hoje, continuam a atrair novas leituras, adaptações e controvérsias.
Tenda dos Autores
15h - Mesa 7
Exílio e flânerie
Teju Cole
Paloma Vidal
Mediação João Paulo Cuenca
A errância é a figura comum que aproxima as obras de Teju Cole e Paloma Vidal, dois jovens e celebrados autores. Nas caminhadas de personagens à deriva, ou nos desvios digressivos da escrita, Cole e Vidal atualizam e dão novo sentido à relação entre experiência, memória e deslocamento.
Se no começo do século XX o flâneur era o tipo moderno por excelência, circulando pelos novos espaços urbanos, os livros de Cole e Vidal sugerem que em nossa época o movimento dos seres humanos entre países e continentes produz outro tipo de olhar, ligado ao êxodo e ao exílio.
Tenda dos Autores
17h15 - Mesa 8
Literatura e liberdade
Adonis
Amin Maalouf
Mediação Alexandra Lucas Coelho
Uma perspectiva moderna e humanista caracteriza o trabalho do sírio Adonis e do libanês Amin Maalouf como escritores e intelectuais. Em ensaios, poemas, estudos históricos ou livros de ficção, esses dois grandes escritores constroem o novo a partir de um olhar original sobre a tradição, em oposição direta ao fundamentalismo que, nas últimas décadas, tem marcado a vida política e cultural de muitos países do mundo árabe. Eles conversam sobre os pontos em comum de suas trajetórias, ambas marcadas pelos conflitos da região, e avaliam as promessas e os riscos do momento atual.
Tenda dos Autores
19h30 - Mesa 9
Encontro com
Jonathan Franzen
Mediação Ángel Gurría-Quintana
Uma conversa com o escritor norte-americano que tem sido reconhecido como um dos mais incisivos intérpretes dos dilemas da sociedade atual. Autor de ensaios e ficções que colocam com insistência a questão da relevância da escrita e da criação literária no mundo de hoje, Franzen discute sua obra e a repercussão singular de seus livros e ideias no panorama da cultura contemporânea.
Tenda dos Autores
Dia 07/07 – Sábado
10h - Mesa 10
Cidade e democracia
Suketu Mehta
Roberto DaMatta
Mediação Guilherme Wisnik
Ao mesmo tempo que mostram o potencial de mobilização dos meios digitais, protestos recentes no mundo árabe e nos países europeus reafirmam a força da rua (e da praça) como palco de manifestação da vontade popular. O espaço urbano pode ser um local de encontro e convivência das diferenças, mas também a expressão mais visível da desigualdade social. A partir dessa contradição, o indiano, radicado nos Estados Unidos, Suketu Mehta, e o brasileiro Roberto DaMatta discutem o papel das cidades na vida democrática contemporânea.
Tenda dos Autores
12h - Mesa 11
Pelos olhos do outro
Ian McEwan
Jennifer Egan
Mediação Arthur Dapieve
Contra a ideia da imaginação como escapismo, é possível considerá-la uma faculdade que nos permite avaliar e compreender o mundo. Ao explorarem diferentes maneiras de apreender a realidade, por meio do mergulho na consciência de seus personagens, os livros de Ian McEwan e Jennifer Egan revelam que imaginar pode ser um ato de humanização. Ver pelos olhos do outro implica um duplo movimento, de distanciamento da perspectiva individual e tentativa de aproximação do alheio. Mas, em vez de um solo comum, esse esforço pode expor também diferenças inconciliáveis.
Tenda dos Autores
15h - Mesa 12
Em família
Zuenir Ventura
Dulce Maria Cardoso
João Anzanello Carrascoza
Mediação João Cezar de Castro Rocha
Das tragédias gregas aos romances de Tolstói e Thomas Mann, é longa a tradição literária do tema em torno do qual se reúnem a portuguesa Dulce Maria Cardoso e os brasileiros João Anzanello Carrascoza e Zuenir Ventura. Fechada sobre si mesma, ou permeada pelas tensões que moldam a realidade para além da porta de casa, a vida em família mobiliza afetos dos mais intensos. Mais do que a mera coincidência temática, os três autores reunidos aqui compartilham a sensibilidade para esse espectro de sentimentos elevados ao grau mais alto.
Tenda dos Autores
17h15 - Mesa 13
O avesso da pátria
Zoé Valdés
Dany Laferrière
Mediação Alexandra Lucas Coelho
A formação de literaturas nacionais foi parte decisiva da constituição cultural dos países da América Latina, numa aproximação entre a escrita e a pátria que tem seu ápice no século XIX e se desdobra nos diferentes movimentos literários do continente ao longo do século XX. A cubana Zoé Valdés e o haitiano Dany Laferrière mostram que essa relação não perdeu sua atualidade, mas assume hoje novos sentidos. Em vez de participação no processo coletivo de construção nacional, a escrita se torna reação à violência e ao exílio, esforço individual de recuperação de um território perdido.
Tenda dos Autores
19h30 - Mesa 14
Encontro com
J. M. G Le Clézio
Mediação Humberto Werneck
Viagens, memórias e mesmo o delírio conduzem os ensaios e as ficções do francês J.M.G. Le Clézio a uma interrogação vertiginosa sobre os fundamentos daquilo que damos por inevitável em nossas identidades individuais ou coletivas. O ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2008 comenta sua trajetória e os eixos de sua ampla obra, em que a criação narrativa e a reflexão crítica se entrelaçam.
Tenda dos Autores
21h30 - Mesa Los Amigos
Quadrinhos para maiores
Angeli
Laerte Coutinho
Mediação Claudiney Ferreira
Nesse encontro entre dois artistas que mudaram de maneira definitiva a cara dos quadrinhos brasileiros, Laerte e Angeli sobem ao palco da Tenda dos Autores acompanhados por históricos decididamente nada respeitáveis de personagens inesquecíveis, como Rê Bordosa e os Piratas do Tietê. Os dois falam sobre os pontos em comum de suas trajetórias e discutem os principais elementos do caldo de referências culturais e políticas presentes em seus trabalhos, nos quais a crítica de costumes assume um viés anárquico e satírico às vezes próximo do surreal.
Tenda dos Autores
Dia 08/07 – Domingo
10h - Mesa 15
Vidas em verso
Jackie Kay
Fabrício Carpinejar
Mediação João Paulo Cuenca
Nenhuma obra literária pode ser reduzida à biografia de seu autor, mas a criação se faz sempre a partir de um conjunto de leituras, observações e experiências que é inevitavelmente pessoal. Em poemas ou textos em prosa, a escocesa Jackie Kay e o brasileiro Fabrício Carpinejar exploram as ressonâncias entre vida e obra numa via de mão dupla. Ao mesmo tempo que evoca o vivido, o escrito se torna espaço de interrogação e invenção da própria persona do autor. Em vez de espelho da vida, o livro se torna assim mais um espaço no qual ela se cria.
Tenda dos Autores
11h45 - Mesa 16
A imaginação engajada
Rubens Figueiredo
Francisco Dantas
Mediação João Cezar de Castro Rocha
Os livros de Francisco Dantas e Rubens Figueiredo, dois dos principais escritores brasileiros, mostram que a força crítica da literatura não depende da contenção do estilo nem da imaginação. É por meio da potência do texto, e não de uma adesão mimética ao real, que a obra de ambos estabelece sua relação com o mundo. Dos grandes centros urbanos ao interior rural, Figueiredo e Dantas se apropriam dos cenários habituais do imaginário nacional para desmanchar sua feição familiar, contrapondo aos generalismos do senso comum a concretude singular de suas histórias.
Tenda dos Autores
14h30 - Mesa 17
Drummond – o poeta presente
Armando Freitas Filho (em vídeo)
Eucanaã Ferraz
Carlito Azevedo
Mediação Flávio Moura
Poucos autores parecem tão importantes para pensar o que se escreve hoje na poesia brasileira quanto Carlos Drummond de Andrade. Não é fácil, no entanto, precisar exatamente em que consiste essa importância e de que maneira ela se manifesta. Três poetas brasileiros exploram diferentes possibilidades de resposta a essa questão. Num depoimento em vídeo gravado por Walter Carvalho, Armando Freitas Filho fala de sua relação com Drummond, partindo de uma definição inesperada do poeta mineiro como um autor do Lado B. A mesa segue com uma discussão entre Eucanaã Ferraz e Carlito Azevedo.
Tenda dos Autores
16h30 - Mesa 18
Entre fronteiras
Gary Shteyngart
Hanif Kureishi
Mediação Ángel Gurría-Quintana
Deslizando habilmente entre os pontos de vista do nativo e do estrangeiro, o norte-americano (nascido na Rússia) Gary Shteyngart e o inglês (filho de pai paquistanês) Hanif Kureishi criaram algumas das mais brilhantes sátiras da ficção contemporânea. Na obra desses dois premiados escritores, a perspectiva de viés, que mesmo ao tomar parte dos acontecimentos é capaz de considerá-los de um ponto de vista ironicamente distanciado, torna-se uma forma de expor ao mesmo tempo as tensões do mundo atual e a histeria vazia dos discursos que habitualmente pretendem descrevê-las.
Tenda dos Autores
18h15 - Mesa 19
Livro de cabeceira
Autores convidados da Flip 2012 leem e comentam trechos de seus livros prediletos.
Tenda dos Autores